36/120 - A morte da mãe

Talvez o medo de perder a mãe seja o maior terror das crianças.


Igreja de São Francisco - Salvador/BA


Depois de algumas décadas, você começa a entender certas dinâmicas familiares que sequer imaginava anteriormente. Pode, inclusive, se sentir enganado em questões cruciais da formação humana. Acontecimentos trágicos ganham sentido e o amor, tão delicado e terno, pode se transformar em uma fúria revoltante.


É difícil conter essas pulsões das entranhas, que surgem de não sabemos onde, e se apoderam do nosso ser. A perseguição dessas visões assustadoras pode nos paralisar. E não é fácil entender o motivo de experiências duras na infância.


Revolver o passado causa mais azia que qualquer má digestão. E não existe antiácido que resolva o problema. As lembranças voltam regurgitando o que não foi compreendido.


É preciso encontrar-se para esquecer: lembrar-se da identidade própria é a forma mais fácil de superar a morte gerada pela manipulação.