21/120 - Invisível Abismo

São tantos os meus abismos. Em cada canto do meu ser existe um. E no fim desses buracos negros, sempre há um jardim, um bosque, ou uma floresta.

Tanto tempo já se passou e ainda me sinto como uma criancinha às vezes. Muda, calada, amordaçada. Sem ter a quem gritar nem pedir socorro. Ninguém quer me ouvir. Ninguém quer esses problemas. O passado me persegue e a minha liberdade ameaça. E se eu sumisse daqui? Eu já fujo para os meus devaneios mentais. Mas e se eu também desaparecesse? Deixar apenas o silêncio falar por mim.

“Eu não sou responsável por você. Eu tentei te agradar por toda a minha existência, apesar do tanto que você não me enxergou. Eu só queria que você fosse feliz. Hoje eu vejo que isso é impossível. Nunca eu conseguirei te satisfazer. Posso até murchar nessa tentativa.

Suas escolhas não me pertencem, agora eu tenho as minhas próprias convicções. E vou continuar firme conforme eu entender que é melhor pra mim, investindo no que eu acredito. Não me venha com chantagens emocionais. Enfrente seus fantasmas. Estou vomitando toda a dor que você me fez engolir.

Eu quis muito ser amada, abraçada, aconchegada. Não quero mais... Vou prosseguir sem o peso do seu apego. Conte comigo somente para crescer. Essa é uma estrada sem volta. Au revoir!”

Daqui a algum tempo eu espero estar na companhia apenas dos meus jardins – físicos e mentais.