A diversão dos brasilienses
Os residentes em Brasília – doravante brasilienses – enquadrarei-os todos neste gentílico, pois até eu que estou aqui há pouquíssimo tempo já me sinto uma nativa. Então, os brasilienses são pessoas bacanas. Muitos deles me dão bom dia e sorriem à medida que ando ou corro pelas ruas (uma menininha chegou ao ponto de me confundir com sua genitora, abriu os braços para mim enquanto eu passava correndo, e gritou: “Mamaãe!”), uma simpatia gratuita que tem me feito rever meus anteriores conceitos sobre estes humanos. Estive aqui algumas vezes – poucas e muito rápidas – e fiquei com uma impressão de que fossem pessoas esnobes cuja diversão é ir a restaurantes.
Na verdade, eu ainda acho essa última parte. Dias atrás,
soube no trabalho que aqui as pessoas marcam encontros no horário de almoço: “dates”
durante o expediente! Em restaurantes... achei a ideia muito interessante,
perde-se menos tempo pois não é preciso arrumação extra nem desculpas para se
desvencilhar de um pós-restaurante como acontece em encontros à noite. Em 40
minutos conversando é possível se divertir um pouco e descobrir o que uma pessoa
pensa da vida e imagina para o seu futuro, ao invés de perder preciosas horas
em conversinhas de celular. Mas eu não tenho feito nada disso. Só observo
algumas amigas que entram no tinder ou utilizam o instagram como portfólio
pessoal e considero uma grande perca de tempo. Geralmente, elas querem um
banquete duradouro enquanto eles apenas umas comidinhas rápidas. Entretanto,
nenhuma das partes esclarece suas intenções inicialmente. Assim, quem sai
ganhando são os restaurantes. Ao comentar essa minha constatação (de que a
diversão dos brasilienses é frequentar restaurantes) com alguns colegas, um
deles – consternado – me corrigiu: “Mas tem o depois do restaurante”. Ahh, eu
suspeitava desde o princípio! O coleguinha confirmou toda a minha teoria principal sem eu
nem ter exposto.
Enfim, apesar do gosto requintado por restaurantes tenho
achado os brasilienses seres adoráveis. Tanto que estou revendo meu preconceito
com estes ambientes gourmetizados. Claro que eu não usaria dinheiro para isso,
pois tenho um cartão refeição que não consigo gastar porque eu mesma faço minha
comida simples que é baratíssima, mas incomparável nos quesitos sabor e saúde –
S2. Em comemoração aos meus 2 meses no distrito, estou pensando seriamente em me
divertir com o VR. Veremos se isso vai dar certo... aqui não tenho mais o
centro da cidade para passear observando pessoas, mas tem muitos restaurantes
com incontáveis sofisticados tipos e estilos cada um mais engraçado que o
outro. Pena que só poderei fazer isso ano que vem, se eu tiver tempo!